O governo dos Estados Unidos formalizou acusações contra Peter Williams, ex-gerente geral da Trenchant, uma divisão de cibersegurança da gigante de defesa L3Harris Technologies Inc., por roubo de segredos comerciais com a intenção de vendê-los a um comprador não especificado na Rússia. O caso chocou a comunidade de inteligência e defesa, lançando luz sobre o lucrativo e sombrio mercado de exploits de dia zero [1, 2].
O Escândalo na Divisão de Hacking
Peter Williams, um cidadão australiano de 39 anos que residia em Washington D.C., foi o gerente geral da Trenchant, uma unidade especializada no desenvolvimento de ferramentas avançadas de hacking e vigilância para governos ocidentais, incluindo os membros da aliança de compartilhamento de inteligência Five Eyes (EUA, Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia) [1]. A Trenchant foi formada a partir da fusão de duas startups adquiridas pela L3Harris em 2018, a Azimuth e a Linchpin Labs, notórias por desenvolverem zero-days (vulnerabilidades de software desconhecidas e sem correção) [1].
A acusação, apresentada pelo Departamento de Justiça (DOJ) dos EUA em 14 de outubro de 2025, alega que Williams roubou oito segredos comerciais de duas empresas não identificadas, sendo uma delas a L3Harris/Trenchant [1, 2].
O documento de “informação criminal” do DOJ detalha que Williams:
•Roubou sete segredos entre abril de 2022 e junho de 2025.
•Roubou o oitavo segredo entre junho e 6 de agosto de 2025.
•Renunciou ao seu cargo em 21 de agosto de 2025 [2].
As autoridades federais alegam que Williams pretendia vender esses segredos a um comprador na Rússia, tendo supostamente lucrado US$ 1,3 milhão com a venda [1]. O DOJ está buscando o confisco dos bens de Williams derivados de seus supostos crimes.
A Natureza dos Segredos Roubados: Zero-Day Exploits
Embora o documento formal de acusação não especifique a natureza exata dos segredos comerciais, o contexto da Trenchant e as fontes familiarizadas com o caso indicam que o material roubado envolvia provavelmente exploits de dia zero e ferramentas de vigilância cibernética [1].
“Williams é um ex-diretor do braço Trenchant da L3Harris Technologies Inc., com sede em Melbourne, Flórida, uma empresa de tecnologia aeroespacial e de defesa, de acordo com um documento do governo do Reino Unido.” [2]
O roubo de tais ferramentas representa uma ameaça significativa à segurança nacional dos EUA e de seus aliados, pois zero-days são ativos extremamente valiosos e sensíveis, capazes de permitir o acesso e a vigilância de dispositivos e redes protegidas [3].
O Contexto da L3Harris e a Investigação Interna
O caso Williams surge em meio a uma investigação interna mais ampla na Trenchant. Anteriormente, o TechCrunch havia reportado, citando ex-funcionários, que a empresa estava investigando um vazamento de suas ferramentas de hacking. Um ex-desenvolvedor de exploits da Trenchant chegou a ser suspeito, mas negou envolvimento, alegando que a empresa o havia transformado em “bode expiatório” [1]. Não está claro se a acusação federal contra Williams está diretamente ligada a essa investigação interna.
O caso está sendo processado no Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito de Columbia pela Seção de Contra-inteligência e Controle de Exportação da Divisão de Segurança Nacional do DOJ. A acusação de roubo de segredos comerciais pode resultar em uma pena máxima de 10 anos de prisão federal [1]. Uma audiência de acusação e acordo de confissão está agendada para 29 de outubro [1].
| Detalhe do Caso | Informação Chave | 
| Acusado | Peter Williams (39 anos, australiano) | 
| Ex-Empregador | Trenchant (Divisão de cibersegurança da L3Harris Technologies Inc.) | 
| Acusação | Roubo de 8 segredos comerciais (provavelmente zero-day exploits) | 
| Destino Alegado | Venda para um comprador na Rússia | 
| Ganhos Alegados | US$ 1,3 milhão | 
| Pena Máxima | 10 anos de prisão federal | 
